sexta-feira, 24 de abril de 2009

6º Passo


(...)
Cortando aquela estrada vicinal, o potente farol iluminou
uma placa que indicava: “Rolim de Moura”. E foi em um posto
dessa cidade que passei a primeira noite daquela carona. Tirei
do bolso um papel com um número de telefone. “Se vier para
Rolim, me liga”, um rapaz que conheci no rio Madeira havia
me convidado. Era um bom rapaz, cujo grande sonho era
conhecer o Pantanal. Passei grande parte da viagem de barco
tentando convencê-lo a cair na estrada comigo. Seus olhos
brilhavam com a possibilidade, mas logo se apagavam: “Mas
não tenho grana para ir”. E eu dizia que com certeza tinha menos
ainda. “Mas tenho que voltar pra casa”, ele desconversava. E
eu dizia que também voltaria depois de conhecer a Chapada, o
Pantanal e muitos outros lugares. “Mas...”.
“Mas” é uma palavra terrível demais para quem tem um
sonho. Olhei para o número em minhas mãos, mas não liguei.
Ele não iria comigo, porque o “mas” é uma palavra difícil
demais de se deixar para trás. Armei minha rede debaixo da
carreta, entre dois de seus nove eixos. Dormi feliz, porque o
“mas” não atormentava mais os meus sonhos.
(...)

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